Codornas podem ficar estressadas confira!
Estresse não é um mal que afeta exclusivamente os humanos. Pequenas aves, como as codornas, também ficam estressadas.
Viver em granjas, em pequenos espaços, com vários indivíduos não deve ser muito agradável para nenhuma espécie, mas para as codornas, em especial, a vida se torna um estresse só. Longe de seu habitat original, muitas se agitam de lá para cá com as penas desgrenhadas e a cabeça ferida, obra do bico nervoso das companheiras de gaiola onde geralmente vivem grupos de até dez aves. Outras caem em depressão, e muitas vezes são vistas imóveis, congeladas num silêncio que pode durar de segundos a horas.
Para amenizar o problema pesquisadores da Unesp de Jaboticabal, estudaram formas de aliviar esse sofrimento com fitoterápicos tradicionalmente usados para sossegar humanos, como camomila, passiflora e valeriana.
Talvez não seja a solução que os militantes pela libertação animal aplaudiriam, mas é um avanço nas pesquisas sobre bem-estar animal. Também os produtores se incomodam com a histeria codornícola, sobretudo pelos prejuízos econômicos.
Nos últimos anos a produção de ovos de codornas tem atraído muitos produtores, e o estresse é um fator que pode gerar prejuízos.
O calor é um dos principais motivos que levam as aves a ficarem estressadas. A pesquisadora da Unesp esclarece que não adianta refrescar o ambiente com ventiladores, porque os animais se incomodam com vento e param de botar ovos. Um bom planejamento das instalações, que evite a incidência direta de luz solar é fundamental.
O estresse faz com que a codorna se bique com insistência, até machucar, a cabeça e o corpo uns dos outros.
Para os pesquisadores isso ocorre pelo fato das aves não ter o que ciscar no chão da gaiola, então uma solução seria deixar os bichos livres, em criação extensiva. Mas, do ponto de vista prático, a solução parece utópica, pelo menos em curto prazo.
A pesquisadora Vera Maria Barbosa orienta a adoção de alguns cuidados simples no manejo das codornas, entretanto, surtem bons efeitos: os tratadores nunca devem usar roupas de cores fortes, principalmente vermelhas; perfumes ou qualquer produto com odor também devem ser evitados pelos profissionais.
Para melhorar a qualidade de vida das aves, Vera Maria partiu para o estudo dos calmantes fitoterápicos.
“Analisando trabalhos feitos com vários fitoterápicos, observamos que a passiflora, a camomila e a valeriana surtiam os efeitos que estávamos buscando para as aves”, explica a pesquisadora.
As codornas estressadas foram submetidas a diferentes tratamentos baseados em cada um dos fitoterápicos. Durante o período em que receberam a medicação, elas foram filmadas para que os pesquisadores pudessem analisar posteriormente o comportamento das aves. A equipe concluiu que a passiflora foi o fitoterápico que apresentou ação mais eficaz, em comparação à camomila e à valeriana, com base na avaliação das respostas comportamentais e fisiológica, níveis de hormônio e células sanguíneas relacionadas ao estresse.
A agressividade diminuiu, os períodos de imobilidade tônica se encurtaram, a produção de ovos aumentou e as medidas plasmáticas melhoraram.