Abimci diz que apenas negociação com EUA pode encerrar crise no setor madeireiro
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A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) afirmou, em nota divulgada nesta quinta-feira (14), que o pacote de medidas anunciado pelo governo federal para amparar empresas exportadoras afetadas pela tarifa dos Estados Unidos representa apenas um alívio temporário. Para a entidade, a saída definitiva da atual crise passa por um acordo direto entre Brasil e EUA para redução das alíquotas.
Ajuda considerada paliativa
Segundo a Abimci, o suporte financeiro proposto pelo governo brasileiro é bem-vindo, mas não resolve os impactos provocados pela sobretaxa de 50% imposta por Washington. A associação questiona a falta de avanços diplomáticos, lembrando que outros países conseguiram negociar reduções tarifárias com os EUA.
A nota não menciona, porém, que o presidente norte-americano, Donald Trump, condicionou a retirada da sobretaxa à interrupção do que considera perseguição política ao ex-presidente Jair Bolsonaro, ponto sobre o qual o Executivo brasileiro não tem ingerência.
Paradas de produção e demissões
Desde a adoção da nova tarifa, em 9 de julho, o setor relata cancelamento de contratos e suspensão de pedidos. Algumas indústrias interromperam parcialmente as atividades por falta de espaço para estocar mercadorias que seriam enviadas ao mercado norte-americano.
- Em julho, a Millpar concedeu 15 dias de férias coletivas a 640 funcionários de sua unidade em Guarapuava (PR).
- No fim do mês passado, a Sudati demitiu 100 trabalhadores de duas fábricas no Paraná.
Dificuldades para diversificar mercados
A Abimci ressalta que a recomendação do governo para buscar novos destinos de exportação não se aplica ao setor, devido às especificidades técnicas dos produtos, ao volume negociado e ao espaço conquistado ao longo de décadas nos Estados Unidos.
Imagem: Pixabay via canalrural.com.br
A entidade afirma ter encaminhado dados de balança comercial, nível de dependência por segmento e impacto regional do setor aos governos federal e estaduais, na tentativa de subsidiar tratativas com Washington. Mesmo assim, diz não enxergar iniciativas concretas de diálogo direto entre os dois países.
Risco a 180 mil empregos
Em 2024, o setor madeireiro brasileiro vendeu US$ 1,6 bilhão aos Estados Unidos, destino de cerca de 50% da produção nacional. Alguns segmentos dependem 100% desse mercado. A associação calcula que 180 mil empregos diretos estejam ameaçados pela tarifa.
No texto, a Abimci adverte: sem uma ação “técnica, isenta de viés político e ideológico” por parte do governo brasileiro, cadeias produtivas consolidadas podem desaparecer, com reflexos sociais nas comunidades ligadas à atividade.
Com informações de Canal Rural