Agricultura em Gaza perde 98% das terras cultiváveis

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A agricultura da Faixa de Gaza, responsável por cerca de 10% do Produto Interno Bruto local antes da atual escalada do conflito, enfrenta colapso quase total. Relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e do programa UNOSAT aponta que 98,5% das áreas agrícolas estão danificadas ou inacessíveis, restando somente 1,5% — cerca de 232 hectares — em condições de cultivo.

Até 2023, a região produzia citros, morangos, azeitonas, hortaliças, trigo e flores, ocupando aproximadamente 40% do território. Parte significativa desse volume era consumida internamente, sustentando centenas de milhares de famílias ligadas direta ou indiretamente ao setor.

Destruição acelerada

  • Setembro de 2024: 67,6% das áreas agrícolas já estavam danificadas, incluindo 71,2% dos pomares, 67,1% das lavouras e 58,5% das hortas.
  • Abril/maio de 2025: mais de 80% dos 15.053 hectares cultiváveis eram considerados inutilizáveis.
  • Maio de 2025: a FAO alertou que menos de 5% das terras permaneciam disponíveis para plantio.

As estufas perderam 44,3% de sua capacidade, enquanto pomares de oliveiras e outras frutíferas sofreram danos severos provocados por explosões e passagem de tanques. Em Al-Qarara, 60% das terras foram niveladas; poços, reservatórios e sistemas de irrigação foram destruídos, assim como um banco de sementes com variedades adaptadas à região.

Pecuária e pesca

O rebanho bovino foi praticamente exterminado: 96% dos animais morreram por falta de água, alimento ou em consequência direta dos ataques. A frota pesqueira também foi atingida; embarcações foram destruídas e áreas marítimas transformadas em zonas de combate.

Crise alimentar

Com a produção local quase zerada e importações bloqueadas, agências da ONU — FAO, Programa Mundial de Alimentos (WFP) e UNICEF — relatam fome generalizada desde 2025. Mais de 39% da população afirmou ter passado dias inteiros sem acesso a comida.

Agricultura em Gaza perde 98% das terras cultiváveis - Imagem do artigo original

Imagem: United Nations – Shareef Sarhan via canalrural.com.br

Além dos impactos imediatos, a contaminação do solo por explosivos e metais pesados ameaça prolongar a recuperação. Estimativas da ONU indicam que a remoção de escombros pode levar dez anos, enquanto a restauração completa da fertilidade do solo e da infraestrutura agrícola pode se estender por até 25 anos.

Em áreas menos afetadas, pequenos grupos de agricultores tentam reiniciar o plantio com sementes remanescentes, irrigação improvisada e proteção mínima contra novas hostilidades.

Com informações de Canal Rural

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