Argentina Volta a Cobrar Imposto Sobre Soja, Diz Daoud

A Argentina restabeleceu o imposto de exportação sobre grãos e derivados após um período de isenção temporária que havia zerado a alíquota, anteriormente fixada em 26% para a soja. A decisão foi confirmada pela Agência Fiscal Argentina (Arca) e comentada pelo analista Miguel Daoud, do Canal Rural.

Segundo Daoud, a suspensão dos tributos impulsionou as vendas externas argentinas, que alcançaram 10,5 milhões de toneladas na safra 2024/25, maior volume em pelo menos sete anos. A medida gerou entrada de US$ 7 bilhões em divisas, valorizando o peso e estimulando novos negócios, especialmente com a China.

Entendimento com a China

O comentarista explicou que o intervalo sem imposto foi coordenado com o governo chinês, interessado em comprar cerca de 13 milhões de toneladas de soja argentina, reduzindo aquisições dos Estados Unidos. Esse movimento aqueceu o mercado internacional, mas teve impacto limitado sobre o Brasil.

Reflexo no mercado brasileiro

Daoud destacou que o cenário interno brasileiro segue estável, com demanda firme para o esmagamento de milho e soja. Ele avaliou que a competitividade nacional permanece preservada, e que a reintrodução da tarifa na Argentina não altera a capacidade do Brasil de atender à demanda interna e às exportações.

Comparação com os Estados Unidos

O analista lembrou que, nos EUA, parte das receitas obtidas com tarifas de importação será destinada a produtores para compensar perdas decorrentes da redução das compras chinesas, conforme declarou o então presidente Donald Trump. No Brasil, produtores enfrentam restrições de crédito e elevados níveis de endividamento.

Imagem: Daniel Popov via canalrural.com.br

Com o retorno da cobrança, Buenos Aires busca equilibrar contas públicas após aproveitar uma janela cambial favorável, considerada por Daoud como uma solução pontual para questões macroeconômicas do país vizinho.

Com informações de Canal Rural