Baixa Adesão a Seguro Rural Expõe Agro a Riscos Climáticos
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A contratação de seguro rural no Brasil vem caindo no momento em que os eventos climáticos extremos se intensificam. O alerta foi feito nesta quinta-feira (20) por Diogo Oliveira, presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), em entrevista ao COP TV do Agro durante a COP30, em Belém (PA).
Oliveira lembrou que o agronegócio responde por 25% do Produto Interno Bruto e ocupa cerca de 80 milhões de hectares, mas apenas 2,5% dessa área deve terminar 2025 coberta por apólices de seguro rural. Em 2021, a proteção já havia alcançado 16% da área plantada.
O executivo atribui a retração à redução do subsídio federal destinado à aquisição das apólices, considerado essencial para pequenos e médios produtores, que representam 80% dos segurados. “Esse público depende do apoio para continuar produzindo”, afirmou.
Perdas bilionárias com o clima
Dados da entidade mostram que, nos últimos três anos, secas, enchentes e vendavais provocaram prejuízos superiores a R$ 200 bilhões no país. Desse total, 55% afetaram diretamente o agronegócio, o que equivale a cerca de R$ 30 bilhões por ano.
Entre 2015 e 2019, o Brasil registrava, em média, 2.500 eventos climáticos anuais. De 2019 a 2024, o número saltou para 4.500. “O agro brasileiro está completamente desprotegido”, destacou Oliveira.
Ele citou o Rio Grande do Sul como exemplo da dificuldade em precificar riscos. “Historicamente, havia uma grande seca a cada dez anos; nos últimos cinco anos, registramos quatro secas e três enchentes.”
Imagem: canalrural.com.br
Buscas por nova modelagem
Segundo Oliveira, a CNSeg negocia com entidades do setor e com o Ministério da Agricultura para reconstruir a política de seguro rural. O ministro Carlos Fávaro teria sinalizado a elaboração de um novo modelo para ampliar o acesso às apólices e torná-las financeiramente viáveis.
O presidente da confederação ressaltou ainda os avanços tecnológicos do mercado segurador, como uso de inteligência artificial e modelagens de risco mais robustas, embora reconheça que o desafio climático seja global. Ele também apontou a necessidade de previsões meteorológicas de médio prazo: “O produtor precisa saber o cenário daqui a três ou seis meses para tomar decisões”.
Para Oliveira, expandir a cobertura do seguro rural é crucial para enfrentar o ritmo acelerado das mudanças climáticas e preservar a saúde financeira do campo.
Com informações de Canal Rural