Início - Notícias e Tendências do Agro - Bioflocos reduz uso de água na criação de tilápias
Um estudo conduzido pela Embrapa Meio Ambiente (SP) em parceria com a Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR), comprovou que o sistema de bioflocos (BFT) possibilita criar tilápias de forma intensiva com baixo consumo de água, maior retenção de nutrientes e menor risco de poluição.
Durante 70 dias de cultivo experimental, a equipe manteve cerca de 5 mil alevinos em tanques circulares de 4,2 m³, correspondendo a 395 peixes por metro cúbico. A taxa de sobrevivência alcançou 98%, com peso médio final de 20,4 g. O índice de conversão alimentar foi de 1,05 kg de ração para cada quilo de ganho de peso.
Recuperação de nutrientes
A análise de balanço de massa revelou que o BFT reteve 45,4% do nitrogênio, 46,3% do fósforo e 29,7% do carbono fornecidos principalmente pela ração. Ao término do ciclo, a carga residual por tonelada de peixe produzido ficou em:
- 10,24 kg de fósforo
- 46,63 kg de nitrogênio
- 442,47 kg de carbono
Em sistemas tradicionais, como tanques-rede, esses valores podem chegar a 18,25 kg de fósforo, 77,50 kg de nitrogênio e 700 kg de carbono por tonelada, segundo a Embrapa.
Baixo consumo hídrico e monitoramento
O BFT utilizou 135 litros de água por quilo de tilápia, graças à recirculação e ao reaproveitamento do meio de cultivo. A água foi monitorada continuamente quanto a temperatura, oxigênio dissolvido, sólidos suspensos e nutrientes. A adição de açúcar manteve a proporção ideal de carbono para nitrogênio (12:1), favorecendo o crescimento de bactérias benéficas em vez de algas.
Sustentabilidade e desafios
Indicadores de sustentabilidade classificaram o BFT com impacto moderado (nível 4) no risco à biodiversidade, inferior ao de sistemas abertos. O principal obstáculo identificado foi o consumo de energia, estimado em 114,6 MJ por quilo de peixe, devido à necessidade de aeração constante. Os pesquisadores apontam a adoção de fontes renováveis e a melhoria dos equipamentos como prioridades.
Imagem: Gabriel Pupo Nogueira via canalrural.com.br
Os resíduos sólidos removidos dos tanques apresentaram potencial para uso como fertilizantes ou insumos para ração, contribuindo para a economia circular da produção.
Com base nos resultados, os autores destacam o BFT como alternativa viável para regiões com escassez de água e áreas urbanas, oferecendo maior controle ambiental sem comprometer a produtividade.
Com informações de Canal Rural