China Responde por 75% da Soja Exportada pelo Brasil

A participação chinesa nas compras de soja brasileira cresceu neste ano. Entre janeiro e julho de 2025, 75,2% do volume embarcado pelo Brasil teve a China como destino, contra 73% no mesmo intervalo de 2024. Na prática, três em cada quatro navios carregados com o grão deixam os portos nacionais rumo ao mercado chinês.

Dados da Administração Geral de Alfândega da China mostram que, somente no primeiro semestre, o país asiático importou 42,26 milhões de toneladas de soja do Brasil. No mesmo período, as aquisições de origem norte-americana somaram 16,57 milhões de toneladas.

Em julho, os embarques brasileiros para a China avançaram 13,9% em relação ao mesmo mês de 2024, enquanto as compras do produto dos Estados Unidos recuaram 11,5%.

Preços em alta no mercado interno

A demanda firme elevou as cotações nos portos brasileiros. A saca de 60 kg alcançou R$ 142,84 em Paranaguá (PR), o maior valor de 2025 até agora.

Para o analista Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o cenário é favorável aos produtores nacionais. Segundo ele, os prêmios nos portos chegaram a superar 200 pontos, impulsionando a rentabilidade.

Pressão sobre produtores dos EUA

Nos Estados Unidos, agricultores manifestaram insatisfação com a perda de espaço na China. Em carta enviada ao presidente Donald Trump, a associação de produtores de soja pediu rapidez na conclusão de um acordo comercial que garanta volumes elevados de venda ao mercado chinês.

Imagem: agro.estadao.com.br

O Departamento de Agricultura dos EUA informou que, na semana encerrada em 8 de agosto, os cancelamentos de embarques de soja superaram as vendas em 5,7 mil t. Os principais compradores no período foram Espanha, Países Baixos, Alemanha, Indonésia e Egito; a China não apareceu na lista.

Risco de dependência e janelas de negócio

Larissa Wachholz, coordenadora do núcleo de Ásia do Cebri, alertou para a necessidade de diversificar mercados e reduzir a dependência do destino chinês, considerando possíveis mudanças geopolíticas.

Brandalizze recomenda que produtores brasileiros aproveitem oportunidades de venda até setembro, antes de possível retração dos prêmios no fim do ano, quando Estados Unidos e China devem retomar negociações comerciais.

Com informações de Agro Estadão