Compras Públicas Não Evitam Perdas de Produtores

O governo federal divulgou na segunda-feira (25) a relação de produtos agropecuários atingidos pelo aumento de tarifas dos Estados Unidos que passarão a ser adquiridos por meio do programa de compras públicas. A iniciativa busca garantir escoamento e renda aos agricultores prejudicados pelo chamado “tarifaço”.

Para o economista Alessandro Azoni, a estratégia não impedirá perdas expressivas. Ele afirma que os valores pagos nesses programas ficam bem abaixo das cotações internacionais, definidas em dólar, o que reduz drasticamente a margem de lucro.

“O produtor vai ter prejuízo, porque os preços internos usados pelo governo ficam aquém do mercado internacional e, muitas vezes, não cobrem sequer os custos de produção”, avaliou.

Impacto fiscal preocupa

Além da compra direta de alimentos, o Executivo anunciou o Plano Brasil Soberano, estimado em R$ 30 bilhões, que inclui linhas de crédito subsidiado e outras ações emergenciais. Azoni alerta para o efeito nas contas públicas.

• Déficit em julho: R$ 47 bilhões
• Projeção até dezembro, com o novo pacote: mais de R$ 80 bilhões
• Meta do arcabouço fiscal: déficit zero em 2024 e superávit a partir de 2025

O economista lembra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou os R$ 30 bilhões como “apenas o início” do plano, o que, segundo ele, amplia a incerteza sobre a origem dos recursos.

Negociação com Washington

Na avaliação de Azoni, o governo brasileiro também deixou de adotar postura mais ativa junto aos Estados Unidos. Ele argumenta que a elevação das tarifas, que pode chegar a 50%, encarece produtos como café, carnes e pescados no mercado norte-americano, agravando a inflação local.

Imagem: canalrural.com.br

“O agro representa mais de 20% do PIB brasileiro e exigiria maior presença do presidente nas negociações. Outros países reagiram de forma imediata, enquanto o Brasil demorou e hoje quem negocia são cooperativas e empresas exportadoras”, afirmou.

Para o economista, o momento poderia ter sido usado como oportunidade estratégica para buscar um acordo mais favorável.

Com informações de Canal Rural