Concessões Rodoviárias Aumentam e Faltam Engenheiros

A sequência de leilões de rodovias prevista entre 2023 e 2025, a maior em 17 anos, evidenciou a falta de profissionais qualificados no setor. Concessionárias recorrem a tecnologia, capacitação e melhorias no ambiente de trabalho para preencher um déficit estimado em 75 mil engenheiros, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Os números ilustram a pressão sobre o mercado:

• 2015 a 2018: apenas dois leilões de rodovias federais;
• 2019 a 2022: sete leilões;
• 2023 a 2025: 16 projetos já definidos;
• Meta federal até 2026: 35 concessões;
• 2024: sete leilões, maior volume desde 2007.

Para o CEO da MoveInfra, Ronei Glanzmann, o avanço dos editais reflete amadurecimento regulatório, mas o ritmo de execução agora depende de mão de obra: “Há financiamento e contratos competitivos, porém falta gente para tocar os projetos”.

No Brasil, formam-se cerca de 40 mil engenheiros por ano, enquanto Rússia e China superam 450 mil, segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). O desinteresse pela carreira ganhou força após a Operação Lava Jato e a retração de grandes construtoras, aponta Roberto Paolini, diretor executivo de Pessoas da Arteris.

Estratégias das concessionárias

• EcoRodovias aposta na contratação de profissionais formados perto dos trechos sob gestão e na adoção de equipamentos mais autossuficientes.
• Motiva (ex-CCR) contratou quase 500 engenheiros entre janeiro e julho de 2024, mantém cerca de 80 vagas abertas e negocia com a PUC-Rio a criação de uma escola de engenharia voltada ao upskilling.
• Arteris investe em programas de desenvolvimento com Fundação Dom Cabral e FGV, além de iniciativas internas para reter talentos e evitar a disputa direta com concorrentes.

As empresas também destacam que clima organizacional, benefícios competitivos e planos de carreira são essenciais para atrair novas gerações, que hoje se inclinam mais a setores de serviços, tecnologia e inteligência artificial.

Imagem: canalrural.com.br

Com a demanda em alta e oferta limitada, executivos alertam para a pressão salarial e para promoções aceleradas de profissionais ainda juniores, o que pode comprometer a qualidade das obras.

Com informações de Canal Rural