COP30: Presidente Vê Disputa Climática Entre EUA e China
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O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), afirmou que o debate climático ganhou contornos de disputa geopolítica entre Estados Unidos e China. A avaliação foi feita na noite de domingo (16), durante entrevista ao programa Brasil no Mundo, da TV Brasil.
Segundo Corrêa do Lago, a delegação chinesa tem se apresentado como “grande apoiadora” da economia de baixo carbono, enquanto o governo norte-americano sinaliza preferência por um modelo baseado em combustíveis fósseis. “Tornou-se quase um embate sobre qual direção o mundo deve tomar”, declarou.
Temor de perder liderança tecnológica
O diplomata apontou preocupação de setores econômicos e políticos nos EUA com a possibilidade de o país perder liderança tecnológica se abandonar a transição energética. “Essa diferença de caminhos é muito interessante de observar nesta COP”, disse.
“Negacionismo econômico”
Corrêa do Lago mencionou o que chama de “novo negacionismo”, que não contesta o aquecimento global, mas defende a adaptação em vez da mitigação. Ele citou o posicionamento do secretário de Energia norte-americano Chris Wright como exemplo dessa linha de pensamento.
Para o presidente da COP30, a resistência se enfraquece à medida que tecnologias livres de fóssil ficam mais baratas. “Fica muito difícil negar isso”, comentou.
Ausência federal dos EUA e atuação de estados
Mesmo sem representação formal do governo dos Estados Unidos, governadores como o da Califórnia participam das discussões e representam, juntos, cerca de 60% do Produto Interno Bruto norte-americano. Corrêa do Lago alertou que uma eventual guinada federal de volta aos fósseis “teria impacto muito grande” devido ao peso dos EUA na economia mundial.
Imagem: divulgação via canalrural.com.br
Fundo Florestas Tropicais para Sempre
Na entrevista, o embaixador também detalhou o Tropical Forests Forever Fund (TFFF), instrumento de financiamento lançado pelo Brasil para apoiar a preservação de florestas, biodiversidade e populações locais. Por estar fora dos mecanismos oficiais da COP, o fundo pode receber aportes de países em desenvolvimento, inclusive a China.
Destinado a fundos soberanos interessados em rendimento fixo, o TFFF deverá anunciar novos investimentos após a conferência. “Por ser inovador, exige tempo para que os países entendam o modelo”, explicou Corrêa do Lago.
Com informações de Canal Rural