Crédito Caro e Escasso Ameaça Safra de Soja em MT

A temporada 2025/26 de soja em Mato Grosso começa sob pressão. Produtores relatam dificuldade para obter financiamento e se queixam das taxas de juros, que chegam a 20% ao ano, inviabilizando investimentos em insumos e máquinas.

Em Primavera do Leste, o agricultor Ari José Ferrari planeja semear 2.400 hectares. Ele já comercializou 30% da futura colheita, mas aguarda umidade adequada para iniciar o plantio. “Precisamos de cerca de 80 mm de chuva; até agora choveu entre 10 e 14 mm. A margem é curta e qualquer equívoco nos coloca no prejuízo”, afirma.

Além do clima, Ferrari destaca a queda na remuneração das commodities. “Quando comprei as máquinas, a soja valia R$ 160 a saca; hoje está em torno de R$ 110. O milho caiu de R$ 80 para R$ 45. A receita praticamente foi pela metade”, relata.

A restrição de crédito atinge também cooperativas e revendas, reduzindo a oferta de insumos no estado. Diante desse cenário, a Coprosoja — que reúne mais de 1.300 produtores e quase 3 milhões de hectares em 86 municípios — aposta nas compras coletivas para garantir preços menores.

“Quando unimos volume, conquistamos condição igualitária de preço. Trabalhando juntos, ampliamos a renda das famílias e asseguramos a produção”, explica Fernando Cadore, presidente da cooperativa.

Imagem: Daniel Popov via canalrural.com.br

Especialistas locais alertam que, sem organização, produtores de menor porte podem acabar integrados a grupos de maior escala. Por isso, a união vem sendo apresentada como estratégia para enfrentar juros elevados, crédito restrito e condições climáticas incertas.

Com informações de Canal Rural