Início - Notícias e Tendências do Agro - Crédito Rural Tem Maior Queda Desde o Plano Real
O volume de recursos liberados para o crédito rural no Brasil registra a retração mais severa desde 1995, ano seguinte à implantação do Plano Real. A conclusão é de levantamento da Assessoria Econômica da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
Redução atinge custeio e investimento
No primeiro trimestre da safra 2025/2026, entre julho e setembro, o montante direcionado ao custeio caiu 23% em comparação ao mesmo período do ciclo anterior. Para linhas de investimento, a baixa chegou a 44%. No Rio Grande do Sul, as quedas foram de 25% e 39%, respectivamente.
Segundo o economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz, não se trata de um problema localizado. “É a maior crise de crédito rural da história do país”, afirmou. Ele ressalta que, apesar de sucessivos anúncios de Planos Safra recordes, o valor efetivamente desembolsado vem diminuindo, o que pode afetar produtividade, adoção de tecnologia e área cultivada.
Inadimplência em alta
A situação é agravada pelo avanço da inadimplência. Em julho de 2025, a taxa média alcançou 5,14%, superando o pico registrado em 2017, pouco acima de 3%. Nos financiamentos controlados, o índice ficou em 1,86%; já nas operações com taxas de mercado atingiu 9,35%. Para Da Luz, a inadimplência ainda tende a subir antes de recuar.
Garantias pressionam produtores
O diretor jurídico da Farsul, Nestor Hein, alerta que a escassez de crédito impulsiona o uso da alienação fiduciária, exigindo a entrega de bens como garantia. Ele recomenda que os produtores avaliem alternativas, como a hipoteca, para evitar comprometer patrimônio essencial.
Imagem: Marcos Santos/USP Imagens via canalrural.com.br
Hein explica que a alienação fiduciária não representa um problema por si só, mas requer cautela em operações de grande porte. “Nosso objetivo é orientar o produtor sobre os riscos de comprometer bens de forma rápida e irreversível”, destacou.
A Farsul defende medidas concretas do governo federal, além da recuperação de instrumentos de mitigação de riscos, como o seguro rural e o Proagro, que, segundo a entidade, perderam força nos últimos anos.
Com informações de Canal Rural