Crédito Rural Recua 12% nos Três Primeiros Meses do Plano Safra
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A liberação de crédito rural diminuiu 12% no primeiro trimestre do Plano Safra 2025/26, totalizando R$ 156 bilhões em financiamentos tradicionais e por Cédula de Produto Rural (CPR), segundo balanço preliminar do Ministério da Agricultura (Mapa).
A retração é mais nítida entre grandes produtores e reflete, sobretudo, o aumento da inadimplência e o endurecimento das regras bancárias. De acordo com David Télio, diretor de Novas Estruturas Financeiras da TerraMagna, muitos agricultores acumulam dívidas de safras anteriores e perdem a elegibilidade para novas linhas de crédito.
Critérios mais rígidos
- Bancos e mercado de capitais passaram a pulverizar carteiras, favorecendo pequenos e médios produtores;
- Instituições financeiras agora exigem, além da CPR, garantias como hipoteca ou alienação fiduciária de áreas rurais;
- O Banco Central elevou as provisões para operações consideradas de maior risco.
Barreiras socioambientais
Desde 2023, produtores com embargos ambientais estão impedidos de acessar recursos controlados do Plano Safra. Segundo Télio, cresce o número de agricultores nessa situação.
Recursos fracionados
Parte dos valores do Plano Safra 2025/26 só ficará disponível a partir de janeiro de 2026. O governo subsidia a diferença de juros entre o mercado e o programa, mas enfrenta limitações orçamentárias, criando risco de falta de espaço para novos subsídios no próximo ano.
Alternativas mais caras
Imagem: Canal Rural via canalrural.com.br
Com os juros subsidiados insuficientes, produtores recorrem a crédito privado, geralmente com taxas mais altas. “Não é uma opção, é a única solução”, afirma Télio.
Renegociação e prazos mais longos
Para quem enfrenta dificuldades, o executivo recomenda negociar com credores em busca de soluções de médio e longo prazo. Entre as alternativas citadas está o Fiagro, que permite alongar dívidas ou recomprar áreas em cinco a dez anos: o fundo adquire a terra, quita parte do débito e o produtor paga arrendamento até a recompra.
Télio estima que a reorganização do fluxo de caixa deve levar de três a quatro safras. Mesmo com o crédito restrito, ele ressalta que o setor continua batendo recordes de produção.
Com informações de Canal Rural