Cresce Suspeita de ‘Indústria’ de Recuperação Judicial no Agro

O número elevado de pedidos de recuperação judicial (RJ) por produtores rurais acendeu o alerta no agronegócio. Apesar de não existirem evidências formais de fraudes, especialistas veem sinais de que teria surgido uma “indústria” dedicada a estimular essas ações, o que pode reforçar a restrição de crédito no campo.

O economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, reconhece a RJ como um direito conquistado pelos produtores, mas sublinha que o instrumento deve ser adotado apenas em última instância. “Temos observado muitos pedidos sem clareza sobre seus impactos. Isso traz risco sistêmico, porque o agente financeiro, sem saber de onde virá o próximo tiro, aperta ainda mais as condições de crédito”, afirmou.

Segundo o economista, um juiz de vara especializada no Rio Grande do Sul informou que grande parte das dívidas apresentadas em processos de produtores sequer poderia ser incluída em RJ, o que reforça a suspeita de mau aconselhamento. “Parece haver uma certa indústria da recuperação judicial, o que é ruim para todo o sistema”, acrescentou da Luz.

O debate ocorre em meio à combinação de custos elevados de insumos, recuo nos preços das commodities pós-pandemia, juros altos e incertezas fiscais. Para o jornalista e publicitário José Luiz Tejon, autor do artigo original, esse ambiente exige preparação financeira e inovação, lição que ele diz ter aprendido com Shunji Nishimura, fundador da Jacto.

Imagem: Pixabay via canalrural.com.br

Especialistas alertam que o uso indiscriminado da RJ tende a agravar o já difícil acesso a financiamento na atual safra. Sem a confiança dos credores, produtores que não recorrem ao mecanismo também podem ser penalizados por condições mais rígidas.

Com informações de Canal Rural