Demanda Interna e Exportações Aquecem Mercado do Boi

O mercado brasileiro de boi gordo inicia o último bimestre com perspectivas favoráveis, amparado pela recuperação das pastagens e pelo aumento gradual do consumo doméstico de carnes. A avaliação é do analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, que destaca o efeito sazonal típico de fim de ano sobre a procura por proteínas animais.

Segundo o especialista, o consumo interno tende a avançar “todo ano” nesse período, movimento que em 2023 é reforçado pelo ritmo acelerado das exportações.

Exportações mantêm ritmo forte

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que, nos primeiros 18 dias úteis de outubro, o país embarcou 15,36 mil toneladas de carne bovina, volume 2,3% superior ao registrado em igual intervalo de 2022. O desempenho ocorre após um setembro considerado histórico pelo setor.

Animais mais jovens ganham espaço nos abates

Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostra que 40% dos abates nacionais envolvem bovinos com menos de 24 meses. Conforme Iglesias, a precocidade atende exigências do mercado externo, eleva a qualidade do produto e influencia preços e volume de produção.

Dependência da China e necessidade de diversificação

A China responde por cerca de 60% das vendas externas brasileiras de carne bovina, participação que aumentou após a elevação de tarifas pelos Estados Unidos. Para reduzir a dependência do gigante asiático, o analista recomenda avançar na abertura de destinos como Japão e Coreia do Sul.

Imagem: Gabriel Faria via canalrural.com.br

Variáveis decisivas para os próximos meses

• Câmbio: considerado fator-chave para a competitividade em 2026.
• Investigações chinesas: Pequim analisa o impacto das importações na produção local; decisão prevista para novembro.
• Relação China-EUA: cenário geopolítico pode afetar sobretudo o mercado de grãos, com reflexos indiretos sobre a pecuária.

No curto prazo, Iglesias avalia que acompanhar esses aspectos é fundamental para preservar a rentabilidade do setor e evitar desequilíbrios entre oferta e preços.

Com informações de Canal Rural