Dia do Saci Ganha Espaço em Meio ao Avanço do Halloween
Início - Notícias e Tendências do Agro - Dia do Saci Ganha Espaço em Meio ao Avanço do Halloween
No Brasil, o 31 de outubro deixou de ser lembrado apenas pelo Halloween. Desde 2013, a mesma data abriga oficialmente o Dia do Saci, criado para valorizar o folclore nacional e equilibrar a influência da celebração norte-americana que ganhou força principalmente entre a Geração Z.
A proposta surgiu em 2003, com um projeto de lei federal. No ano seguinte, São Paulo saiu na frente e instituiu a comemoração no calendário estadual. Uma década depois, a data foi reconhecida em âmbito nacional.
Enquanto o Halloween se consolida nos grandes centros urbanos e movimenta o comércio brasileiro, o folclore mantém raízes no campo. O violeiro e escritor Paulo Freire, que integra a Associação Nacional dos Criadores de Saci, ressalta que a distância das luzes da cidade favorece o encontro com lendas e causos. Aos 19 anos, inspirado por “Grande Sertão: Veredas”, ele trocou a faculdade de jornalismo pelo sertão mineiro, onde reuniu histórias para obras como os álbuns “A Mula” (2024) e “Nuá – Músicas para os Mitos Brasileiros” (2009).
Freire defende que a preservação das lendas depende de iniciativas individuais, citando nomes como Heitor Villa-Lobos, Inezita Barroso e Rolando Boldrin, que buscaram inspiração no folclore. Na literatura, Monteiro Lobato investigou o Saci em 1918, e Mário de Andrade dedicou-se ao tema em suas pesquisas.
Apesar de apoiar a valorização das tradições, o músico diz não ser contrário ao Halloween e questiona a coincidência de datas. “O Dia do Saci não precisa ser contraponto; ele deve ter dia próprio”, afirma, em tom de brincadeira, sugerindo que o personagem “bagunce” o calendário.
Imagem: inteligência artificial via canalrural.com.br
Freire conclui que o resgate das lendas exige menos telas e mais contato com a cultura oral: “Precisamos mostrar que esses seres existem para as novas gerações”, reforça.
Com informações de Canal Rural