El Niño e La Niña Afetam Produtividade de Grãos no Cerrado

Um levantamento da Embrapa Meio Ambiente analisou 30 anos de dados sobre feijão, milho e soja em 159 estações meteorológicas de Goiás e do Distrito Federal e constatou influência direta dos fenômenos El Niño e La Niña no rendimento das lavouras.

Como o estudo foi conduzido

• Período avaliado: safras de 1992 a 2021.
• Clima: classificados oito anos de El Niño, oito de La Niña e 14 neutros, segundo o Índice Oceânico Niño (ION) da NOAA.
• Produção: dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM/IBGE) em 35 municípios produtores de feijão, 62 de milho e 34 de soja.
• Análise estatística: regressões lineares em cada município para descontar ganhos tecnológicos e identificar anomalias de produtividade.

Principais resultados

• Feijão: predomínio de ganhos em anos de La Niña; perdas mais frequentes com El Niño.
• Milho: desempenho melhor em anos neutros; quedas expressivas durante El Niño.
• Soja: ganhos consistentes na La Niña; reduções recorrentes em anos neutros.

No total, foram registradas 359 anomalias positivas e 346 negativas para o feijão; 734 positivas e 701 negativas no milho; e 442 positivas e 342 negativas na soja.

Implicações para o Zoneamento Agrícola

O trabalho integra o projeto Avaliação de Risco e Resiliência Agroclimática, que propõe tornar mais flexível o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). Hoje o Zarc define duas janelas fixas para semeadura; a inclusão de previsões sobre El Niño ou La Niña permitiria ajustes anuais, reduzindo perdas e aumentando a resiliência das lavouras.

Os pesquisadores defendem que antecipar informações sobre o comportamento do Pacífico, disponíveis antes do início da safra, ajudará produtores a escolher a melhor data de plantio diante da crescente frequência de eventos extremos.

Imagem: Pedro Silvestre via canalrural.com.br

Com informações de Canal Rural