Embrapa Testa Sachê de Amido para Liberar Fertilizante

Pesquisadores da Embrapa Instrumentação, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), criaram sachês biodegradáveis de amido que armazenam fertilizantes em pó ou em grânulos e liberam os nutrientes de forma controlada no solo. O objetivo é reduzir perdas, diminuir a contaminação ambiental e otimizar o aproveitamento de insumos como nitrogênio, fósforo e potássio (NPK).

O desenvolvimento foi conduzido pelo químico João Otávio Donizette Malafatti, sob orientação da pesquisadora Elaine Cristina Paris, e teve o primeiro artigo publicado no Journal of Inorganic and Organometallic Polymers and Materials. Os sachês são produzidos a partir de amido, ureia, ácido cítrico e reforçados com zeólita rica em íons de cobre.

Como funciona o sachê

• A zeólita confere resistência mecânica ao filme de amido e atua como fonte de micronutriente mineral.
• Íons de cobre presentes no mineral têm ação antimicrobiana, prolongando a vida útil do invólucro até a aplicação no solo.
• Testes mostraram ganho significativo de resistência com até 3% de zeólita; concentrações superiores provocam aglomeração de partículas e fragilizam o material.
• A estrutura porosa da zeólita também permite reter água, beneficiando plantas em períodos de seca.

Resultados de laboratório

Em ensaio de 30 dias em meio aquoso, os sachês liberaram de forma parcial 7 mg L-1 de cobre e 300 mg L-1 de ureia. A característica hidrofílica do amido favoreceu a penetração de água e a difusão gradual do cloreto de potássio.

Testes de citotoxicidade com sementes de agrião apontaram 92% de viabilidade de germinação após uma hora de exposição à zeólita de cobre, indicando potencial segurança agronômica. Ensaios de solubilidade mostraram que a dessorção de cobre passou de 5% em água neutra para 45% em meio acidificado com ácido cítrico.

Aplicações e próximos passos

Segundo Paris, a tecnologia encontra-se em escala laboratorial e, num primeiro momento, pode atender paisagismo, jardinagem, sistemas hidropônicos e estufas. Para grandes áreas agrícolas, ainda são necessárias otimizações de escala e avaliação econômica.

Imagem: João Otávio Donizette Malafatti via canalrural.com.br

A equipe avalia alternativas para baratear matérias-primas e processos, considerando o uso de amido de menor pureza e resíduos industriais. Também são estudadas formulações específicas para diferentes culturas, permitindo ajustar o pH do invólucro e a proporção de nutrientes conforme a necessidade de cada planta.

Outra vantagem apontada pelos pesquisadores é a redução do contato direto de trabalhadores com partículas de fertilizantes, já que os produtos ficam encapsulados dentro do sachê.

Com informações de Canal Rural