Evento Debate Avanços da Cannabis e do Cânhamo no Brasil
Início - Notícias e Tendências do Agro - Evento Debate Avanços da Cannabis e do Cânhamo no Brasil
Especialistas reuniram-se em São Paulo para discutir os próximos passos da cannabis medicinal e do cânhamo industrial no país. O 3º Cannabis Connection 2025 apresentou análises sobre regulação, mercado e pesquisa, ressaltando que o setor aguarda normas definitivas para expandir a produção nacional.
Panorama regulatório
Apesar de avanços, o plantio comercial ainda não é permitido. Em novembro de 2024, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que o cânhamo com teor de THC inferior a 0,3% não se enquadra como substância proibida, autorizando seu cultivo e comercialização por pessoas jurídicas. A liberação, no entanto, está restrita a finalidades medicinais ou farmacêuticas e depende de regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A Anvisa revisa a RDC 327, que já permitiu a entrada de mais de 50 produtos à base de canabidiol. A agência contabiliza 35 registros ativos e monitora cerca de 60 mil médicos prescritores. A nova norma, prevista para 2025, pretende reforçar segurança e rastreabilidade.
No Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Ana Paula Porfírio destacou que o órgão já se manifestou sobre sementes e mudas e mantém parceria com a Embrapa para apoiar associações do setor.
Diferenças entre cannabis medicinal e cânhamo
- Cannabis medicinal: altos níveis de THC; uso clínico para dor, náusea, apetite e convulsões.
- Cânhamo industrial: menos de 0,3% de THC; não produz efeito psicoativo e serve de matéria-prima para fibras, alimentos, cosméticos, biocombustíveis e construção.
Potencial econômico e ambiental
A pesquisadora Beatriz Emygdio, da Embrapa, lembrou que a instituição possui 43 unidades de pesquisa e 600 laboratórios aptos a desenvolver cultivares adaptadas às exigências da bioeconomia. Para ela, a cultura pode contribuir para captura de carbono e abastecer indústrias de medicamentos, alimentos e energia. A expectativa é de que o cultivo comercial seja regulamentado até 2026.
Imagem: Pixabay via canalrural.com.br
Dados de mercado
Segundo Filipe Campos, da Close-Up International, o número médio de prescrições por médico subiu 9,2%. Neurologistas e psiquiatras lideram em indicações, enquanto clínicos gerais representam o maior volume absoluto. Até setembro de 2025, entre 180 mil e 185 mil pacientes utilizavam produtos importados e, nos últimos dois anos, mais de 320 mil autorizações foram concedidas.
Países como Canadá, Estados Unidos, China, Argentina e Uruguai já avançam em pesquisa, produção e exportação de cânhamo, cenário que, segundo participantes do evento, reforça a necessidade de uma regulamentação clara no Brasil.
Com informações de Canal Rural