Financiamento Adequado Impulsiona Restauração Florestal, Diz Embrapa

A necessidade de destravar recursos para projetos de restauração de florestas foi destacada pela pesquisadora Joice Ferreira, da Embrapa Amazônia Oriental, durante entrevista à COP TV do Agro nesta quinta-feira (20), em Belém. Segundo ela, o tema avançou nas últimas edições da conferência climática, mas continua dependente de financiamento robusto para sair do papel.

Ferreira lembrou que a recuperação de áreas degradadas ganhou espaço na programação da COP30 por sua capacidade de remover carbono da atmosfera e apoiar a adaptação climática. “A restauração evoluiu muito rapidamente. Ela faz parte do conjunto de soluções baseadas na natureza”, afirmou.

Planejamento e estrutura

A pesquisadora ressaltou que a Amazônia reúne diferentes realidades: a maior floresta tropical do planeta e, simultaneamente, regiões fortemente desmatadas, o chamado arco do desmatamento. Iniciativas como o programa Arcos da Restauração, do BNDES, buscam reverter passivos ambientais nessa faixa.

Para avançar, ela defende planejamento integrado: secretarias organizadas, instituições fortes, comunidades informadas e logística que conecte sementes, viveiros e áreas de plantio. “Não podemos falar em restauração sem pensar em planejamento”, observou.

Ferreira acrescentou que a regeneração natural é uma aliada de baixo custo em grande parte da Amazônia. “Agricultores e comunidades precisam utilizar essa regeneração como forma de acelerar a recuperação”, disse.

Fontes de recursos

O principal entrave citado pela pesquisadora é o financiamento. Em debates com Banco Mundial, bancos privados e órgãos públicos, a pergunta recorrente foi como viabilizar economicamente a restauração. As melhores apostas, segundo ela, passam por parcerias público-privadas, articulações locais e arranjos coletivos que conectem produtores e comunidades.

Imagem: canalrural.com.br

Ferreira mencionou ainda o Fundo para Florestas Tropicais (TFFF), proposto pelo governo brasileiro, como potencial fonte de recursos no médio prazo. A expectativa é que o fundo viabilize acesso direto a produtores e comunidades empenhados em recuperar florestas.

Ligação entre ciência e campo

A pesquisadora reforçou o papel da Embrapa como ponte entre conhecimento científico e prática no campo. O Brasil, disse ela, já dispõe de tecnologias para reduzir emissões, recuperar áreas e elevar a produtividade agrícola, mas a adoção esbarra em carência de capacitação, assistência técnica e, novamente, financiamento.

Com informações de Canal Rural