Impasse EUA-Brasil Eleva Risco Para Bancos, Diz Mercado

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Após recuar mais de 2% na terça-feira (19), o Ibovespa futuro abriu esta quarta (20) em leve alta, mas o setor financeiro ainda contabiliza perdas expressivas. No fechamento da véspera, a desvalorização chegou a R$ 41,9 bilhões; somente as ações do Banco do Brasil cederam 6,02%, o que retirou R$ 6,8 bilhões de seu valor de mercado.

O movimento de cautela está diretamente ligado ao impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos. O governo norte-americano manteve tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, enquanto, no plano interno, uma decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, determinou que ordens estrangeiras não têm efeito automático no país. A medida confronta as sanções impostas ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos relacionados aos atos de 8 de janeiro de 2023, apontadas por Washington como justificativa para o aumento tarifário.

Preocupação com o sistema financeiro

Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, investidores acompanham as possíveis consequências jurídicas da decisão. “Dino quis proteger o Supremo; agora é esperar a saída, seja pelo Congresso ou pelo próprio STF”, afirma.

Vale lembra que os grandes bancos brasileiros mantêm operações nos Estados Unidos e podem enfrentar restrições legais. “Isso eleva o risco e o desconforto do mercado”, acrescenta, prevendo que as tensões comerciais devem permanecer. “Trump é instável; o aumento tarifário não resolve e o tema deve voltar nos próximos meses e anos”, avalia.

Ricardo Rodil, economista da Crowe Macro Brasil, considera que há “alarmismo exagerado”. Segundo ele, na teoria a disputa poderia levar até à falência de instituições que seguissem as determinações do STF contra alvos da Lei Magnitsky, mas, na prática, o efeito mais provável seria uma forte redução nas transações entre empresas dos dois países. Rodil acrescenta que o próprio setor privado norte-americano tende a pressionar Washington por um alívio, caso suas receitas sejam afetadas.

Outros fatores no radar

No front doméstico, pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta mostrou a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 46%, alta pelo segundo levantamento consecutivo. O avanço veio principalmente do Nordeste, de beneficiários do Bolsa Família e de eleitores com 60 anos ou mais; a reprovação ficou em 51%, dentro da margem de erro.

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Imagem: Pixabay via canalrural.com.br

No exterior, investidores aguardam a ata do Federal Reserve, que será divulgada à tarde. Rodil avalia que o tarifaço pode pressionar a inflação nos EUA, levando o Fed a interromper cortes ou até subir juros novamente. “Isso atrairia capital para os Estados Unidos, fortaleceria o dólar e poderia reacender pressões inflacionárias”, pontua.

Assim, enquanto prossegue a disputa comercial entre Brasília e Washington, o risco percebido para os bancos brasileiros e o comportamento do Fed permanecem como pontos-chave para o mercado.

Com informações de Canal Rural

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