Inadimplência avança e seguro rural perde verba

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A inadimplência no agronegócio brasileiro ganhou contornos estruturais. Em 2024, foram protocolados 1.272 pedidos de recuperação judicial, mais que o dobro de 2023. Nos três primeiros meses de 2025, houve incremento adicional de 45%, segundo dados do setor financeiro.

Bancos e cooperativas de crédito registram atrasos recordes nos pagamentos, cenário que eleva a preocupação quanto à sustentabilidade econômica das propriedades rurais.

Situação crítica no Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, perdas climáticas recentes motivaram o governo estadual a criar um grupo de trabalho para discutir medidas de socorro aos produtores. Especialistas observam que a carência de cobertura do seguro rural amplia a necessidade de renegociações emergenciais.

Cobertura insuficiente

Em 2024, menos de 15% da área cultivada do país possuía seguro agrícola ou Proagro. Na prática, 85 de cada 100 hectares ficaram expostos a variações climáticas.

Mesmo com baixa adesão, o seguro demonstrou impacto financeiro significativo. Entre 2003 e 2024, seguradoras indenizaram agricultores em valores atualizados que somam R$ 37 bilhões, sendo mais da metade pagos nos últimos quatro anos. Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul lideram o recebimento dessas indenizações.

Cortes no Programa de Subvenção

A instabilidade do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), do Ministério da Agricultura, é apontada como um dos motores da inadimplência.

  • Orçamento previsto para 2025: R$ 1,06 bilhão;
  • R$ 68 milhões usados para quitar parte de pendências de 2024 (restam R$ 32 milhões);
  • R$ 37 milhões cancelados;
  • R$ 354 milhões bloqueados desde junho, período de maior contratação de apólices de verão.

Com isso, restaram apenas R$ 601 milhões para execução do programa em 2025, montante praticamente consumido na safra de inverno e em contratações do primeiro semestre.

Inadimplência avança e seguro rural perde verba - Imagem do artigo original

Imagem: canalrural.com.br

Área segurada despenca

  • 2021: 14 milhões de hectares cobertos;
  • 2024: 7 milhões de hectares;
  • Projeção para 2025: menos de 3 milhões de hectares, patamar semelhante ao de 2015, caso os bloqueios orçamentários não sejam revertidos.

Menor cobertura significa maior exposição do produtor a eventos climáticos, elevando o risco de inadimplência e de novas renegociações de dívidas.

Países como Espanha e Estados Unidos adotam políticas preventivas robustas. Na Espanha, o Seguro Agrícola Combinado conta com dotação de 315 milhões de euros para 2025. Nos EUA, o programa de seguro agrícola da Farm Bill tem custo anual aproximado de US$ 10 bilhões, cobrindo 90% das terras elegíveis com subsídio médio de 62% do prêmio.

No Brasil, especialistas defendem previsibilidade orçamentária para o PSR, ampliação da gestão de riscos e fortalecimento do crédito rural para evitar que o ciclo de endividamento se torne ainda mais profundo.

Com informações de Canal Rural

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