Inadimplência Rural Bate Recorde e Pressiona Produtores
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O índice de inadimplência entre pessoas físicas do campo alcançou 7,9% no primeiro trimestre de 2025, segundo levantamento da Serasa Experian. O percentual, que considera dívidas com mais de 180 dias de atraso, supera os 7% registrados em igual período do ano passado e representa o maior patamar em décadas.
No Banco do Brasil, instituição que detém quase metade da carteira de crédito rural do país, os atrasos acima de 90 dias chegaram a 3,49% no segundo trimestre de 2025, mais que o dobro do verificado em 2024. A consequência foi uma queda de 60% no lucro do banco no mesmo intervalo, evidenciando a gravidade da crise no setor.
De acordo com o banco, a combinação de juros elevados, aumento dos custos de insumos, queda nas cotações das commodities e condições climáticas adversas tem elevado o risco de calote. Analistas projetam, pelo menos, mais dois trimestres de forte pressão sobre as finanças das propriedades.
Consequências no campo
A inadimplência afeta diretamente o fluxo de caixa dos produtores, restringe o acesso a novos financiamentos e coloca o patrimônio em risco. A redução de investimentos provoca queda na produtividade, diminuindo a receita e aprofundando a dificuldade de honrar compromissos.
Outro reflexo é a corrida à recuperação judicial: os pedidos no agronegócio aumentaram 45% no primeiro trimestre de 2025. Embora prevista em lei, especialistas avaliam que o mecanismo tem sido usado, em alguns casos, apenas para ganhar tempo, sem solucionar problemas estruturais.
Imagem: canalrural.com.br
Alternativas para evitar o colapso
- Prorrogação pelo MCR: o Manual de Crédito Rural permite renegociar prazos, sem ajuste de juros, em caso de frustração de safra ou queda de preços.
- Revisão contratual: produtores podem questionar cláusulas consideradas abusivas e taxas acima do mercado em contratos firmados nos últimos dez anos.
- Gestão financeira: mapeamento de dívidas, definição de prioridades e apoio técnico especializado ajudam a preservar ativos.
- Ferramentas de comercialização: operações de barter e plataformas digitais, como a Grão Direto, reduzem a dependência de crédito tradicional.
- Apoio institucional: programas como Pronaf e Garantia-Safra oferecem crédito subsidiado e cobertura para perdas climáticas, essenciais à agricultura familiar.
Especialistas afirmam que postergar decisões agrava o problema. Renegociação imediata, revisão de contratos e adoção de instrumentos alternativos de financiamento são apontados como caminhos para manter a produção e evitar a perda de patrimônio.
Com informações de Canal Rural