Mergulho Noturno Registra Nova Parceria Entre Peixes e Anêmonas
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Um estudo divulgado no Journal of Fish Biology detalha a primeira evidência de interação entre filhotes de diversas espécies de peixes e anêmonas fora do conhecido relacionamento entre o peixe-palhaço (Amphiprion ocellaris) e seus hospedeiros. As imagens, captadas em mergulhos noturnos na costa da Flórida (EUA), foram analisadas por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e instituições norte-americanas.
Os registros mostram quatro famílias de peixes — Monacanthidae, Ariommatidae, Bramidae e Carangidae — associadas a três famílias de antozoários em estágio inicial de vida:
- Arachnactidae e Cerianthidae (ambas de Ceriantharia, conhecidas como anêmonas tubulares)
- Sphenopidae (Zoanthidea, chamadas de anêmonas incrustantes ou zoantídeos)
Segundo o coautor Murilo Pastana, professor do Museu de Zoologia da USP, a ausência de luz e a profundidade de até 200 metros dificultavam a documentação desse comportamento nas chamadas águas epipelágicas. “Nunca houve registro porque a coleta tradicional preserva os espécimes em frascos químicos, inviabilizando a observação do mutualismo”, explica.
O mergulhador e fotógrafo Richard Collins, responsável pelas imagens, dedica várias horas ao deslocamento, ao mergulho e ao tratamento dos materiais coletados. Equipamentos de mergulho especializados e câmeras com flashes potentes são essenciais para registrar organismos tão pequenos em mar aberto e total escuridão.
A análise das fotografias contou com informações de localidade, comparação com descrições da literatura e referência a exemplares do acervo do Museu de Zoologia. A hipótese dos cientistas é que toxinas liberadas pelas larvas das anêmonas ofereçam proteção aos peixes nas primeiras fases de vida, caracterizando uma relação facultativa e benéfica para ambos.
Imagem: canalrural.com.br
Para Gabriel Afonso, doutorando no Instituto de Ciências Marinhas da Virgínia e também autor do artigo, lacunas semelhantes podem ser ainda maiores em regiões tropicais, onde a biodiversidade é mais elevada. Ele defende a ampliação de iniciativas de baixo custo, como coletas em praias ou cais, para documentar novas interações no Brasil.
Pastana conheceu o trabalho de Collins em um grupo de fotografia de mergulho e, posteriormente, no Smithsonian Museum. A parceria resultou em dados inéditos que ajudam a elucidar a dinâmica do zooplâncton e reforçam a importância de colaborações entre cientistas e entusiastas.
Com informações de Canal Rural
Artigo criado em: 15/12/2025
Revisado em: Dezembro de 2025