Método da UFLA Eleva Produtividade do Milho em 50%

Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, apresentaram um novo procedimento para calcular a calagem que corrige a acidez do solo em profundidade e amplia a produtividade de culturas anuais. O trabalho, publicado na revista Soil & Tillage Research, mostra ganhos superiores a 50% em lavouras de milho segunda safra e até 30% em áreas de soja.

O método foi desenvolvido ao longo de dez anos de estudos, conduzidos pelo professor Silvino Guimarães Moreira, da Escola de Ciências Agrárias de Lavras (Esal/UFLA), e considera a relação entre cálcio, magnésio e pH do solo. As doses são calculadas para duas faixas de profundidade: de 0 a 20 cm e de 0 a 40 cm, foco principal da pesquisa.

Para validar a proposta, foram realizados sete experimentos de campo em quatro anos (14 safras) nos municípios de Ijaci, Nazareno, Ingaí, Uberlândia, Araguari, São João del Rei e Formiga. As parcelas receberam diferentes quantidades de calcário incorporadas até 0,40 m, avaliando o impacto das doses na fertilidade do subsolo e no desenvolvimento radicular.

Principais resultados

• Produtividade do milho segunda safra aumentou mais de 50% em condições de veranico.
• Lavouras de soja registraram elevação de rendimento de até 30%.
• Para alcançar 95% do potencial produtivo, o solo deve conter 60% de cálcio na camada de 0–20 cm e 39% entre 20–40 cm.

Segundo o professor Silvino Moreira, métodos tradicionais subestimam a quantidade de calcário necessária para corrigir o subsolo, exigindo reaplicações e elevando custos, sobretudo em áreas recém-abertas ou arrendadas. A nova abordagem busca sanar esse problema, proporcionando recomendação mais precisa e redução de despesas a longo prazo.

Produtor em Nazareno, Evandro Ferreira, da Fazenda Campo Grande, classificou a pesquisa como “divisor de águas”. Para ele, as chamadas altas doses de calcário representam aplicação ajustada às reais exigências do solo, e não excesso de insumo.

Imagem: Divulgação UFLA via canalrural.com.br

A metodologia foi concebida para sistemas de plantio direto e para a reabertura de áreas em uso que não receberam correção adequada. Testes iniciais também ocorrem em cafezais. Os autores estimam que a técnica trará benefícios diretos especialmente ao Cerrado, onde a produção de grãos depende fortemente do manejo da acidez.

Com informações de Canal Rural