Navio com 3 Mil Vacas Descarrega na Líbia Após Impasse
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Após permanecer dois meses no mar, o navio Spiridon II recebeu autorização para descarregar cerca de 3 mil vacas vivas no porto de Benghazi, na Líbia. A liberação ocorreu no sábado (22), encerrando um impasse que mobilizou organizações de bem-estar animal e autoridades de vários países.
Viagem começou no Uruguai
A embarcação zarpou de Montevidéu em 20 de setembro com destino inicial ao porto turco de Bandırma. No entanto, quando chegou à costa da Turquia em 22 de outubro, o desembarque foi vetado por autoridades sanitárias locais.
Segundo laudo turco, foram apontadas:
- 146 animais sem brincos de identificação ou com brincos ilegíveis;
- 469 bovinos com marcas que não coincidiam com os registros oficiais;
- 48 mortes durante a travessia.
As falhas na documentação e no manejo levaram ao bloqueio da carga. Denúncias de entidades como Animal Welfare Foundation (AWF) relataram forte odor, infestação de moscas, carcaças acumuladas e vazamento de fluidos orgânicos a bordo. A AWF também registrou cerca de 140 nascimentos em condições precárias.
Mudança de rota e destino final
Impedido de atracar na Turquia, o Spiridon II deixou o país em 14 de novembro. Dados do sistema MarineTraffic indicavam inicialmente retorno ao Uruguai, com chegada prevista para 14 de dezembro. Dias depois, porém, a embarcação alterou a rota e seguiu para a Líbia.
Apesar de a Líbia não ter acordo fitossanitário com o Uruguai, o importador negociou com autoridades locais e obteve permissão para a descarga dos animais em Benghazi. A operação pôs fim ao confinamento dos bovinos, iniciado ainda em setembro.
Imagem: Animal Welfare Foundation via canalrural.com.br
Pressão internacional e debates futuros
A Mercy For Animals (MFA) acompanhou o caso desde o início, mantendo contato com organizações do Oriente Médio e da América Latina para evitar novas mortes durante o trajeto. O episódio reacende discussões sobre o transporte marítimo de animais vivos, prática alvo de críticas por problemas de infraestrutura, superlotação e fiscalização limitada.
Relatórios internacionais listam riscos como mortalidade elevada, contaminação cruzada, proliferação de doenças, ameaças à saúde pública e impacto ambiental. No Brasil, maior exportador de gado vivo do mundo, tramitam no Congresso os projetos PLP 23/2024 e PL 786/2024, que propõem novas regras tributárias para o setor.
Com a conclusão do desembarque em Benghazi, o futuro do Spiridon II e das 3 mil vacas seguirá sob acompanhamento de entidades de bem-estar animal.
Com informações de Canal Rural