Óbitos por Picadas de Abelhas Africanizadas Sobem 123%
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Entre 2021 e 2024, o Brasil registrou crescimento expressivo nos incidentes envolvendo abelhas africanizadas. As ocorrências passaram de 18.668 para 34.252, alta de 83%, enquanto as mortes avançaram 123%, alcançando 125 óbitos em 2023 e repetindo o mesmo número em 2024.
Os dados constam de artigo publicado por pesquisadores da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) na revista científica Frontiers in Immunology, que classifica o envenenamento por Apis mellifera como problema de saúde pública negligenciado. Até julho deste ano, já haviam sido contabilizados mais de 18 mil acidentes com abelhas no país.
Para efeito de comparação, em 2023 os ataques de abelhas superaram os de serpentes, situação que se mantém em 2024. Segundo os autores, a falta de tratamento específico reforça a gravidade do cenário. “Ainda não existe antídoto para veneno de abelha, como ocorre com serpentes, aranhas e escorpiões”, afirma o coordenador do estudo, Rui Seabra Ferreira Júnior.
Patente de soro inédito
Em janeiro de 2024, a Unesp obteve patente do primeiro soro antiapílico do mundo, desenvolvido em parceria com o Instituto Vital Brazil e o Instituto Butantan. O produto concluiu com êxito as duas primeiras fases de testes clínicos e aguarda recursos para a terceira etapa, exigida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Possíveis causas
O biólogo Osmar Malaspina aponta que ainda não há explicação definitiva para o aumento dos ataques. Ele cita fatores como desmatamento, instalação de ninhos em áreas urbanas, busca por alimento gerado pelas atividades humanas, variações climáticas e crescimento da apicultura. “É muito difícil determinar as causas exatas”, observa.
Riscos à saúde
Benedito Barraviera, professor da Faculdade de Medicina de Botucatu, explica dois quadros principais:
Imagem: DENIS FERREIRA NETTO via canalrural.com.br
- Reação alérgica: em pessoas sensíveis, uma única picada pode desencadear choque anafilático, exigindo aplicação imediata de adrenalina e socorro médico.
- Intoxicação por múltiplas ferroadas: em não alérgicos, grande quantidade de veneno pode provocar complicações neurológicas, renais e até parada cardiorrespiratória.
Sem soro específico disponível, o tratamento se torna mais caro e imprevisível, aumentando as chances de agravamento.
Prevenção
Especialistas recomendam evitar o manuseio de colmeias, não utilizar inseticidas, manter distância, isolar a área e acionar Defesa Civil, Corpo de Bombeiros ou empresas especializadas. Caso a picada ocorra perto do ninho, o ideal é não se debater, pois o feromônio liberado pela abelha ferida atrai o restante do enxame.
Com a escalada dos acidentes e o desenvolvimento do soro ainda em fase de testes, pesquisadores reforçam a necessidade de vigilância e protocolos de segurança para reduzir novos casos.
Com informações de Canal Rural