Palmeira Talipot Floresce Após 60 Anos no Parque do Flamengo
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A palmeira talipot (Corypha umbraculifera), nativa do sul da Índia e do Sri Lanka, está em plena floração no Parque do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro, depois de cerca de seis décadas de crescimento. A espécie se destaca por produzir flores apenas uma vez ao longo da vida e morrer aproximadamente um ano após o processo.
As árvores foram introduzidas no parque pelo paisagista Roberto Burle Marx, responsável pelo projeto paisagístico inaugurado em outubro de 1965. Em 2025, o local completa 60 anos e, coincidentemente, celebra o fenômeno raro das talipot, que podem alcançar 30 metros de altura antes de florir.
Floração única e lenta
Segundo Marlon Souza, gestor da Coleção Botânica e Paisagística do Sítio Roberto Burle Marx, a talipot é uma planta monocárpica: floresce uma única vez, geralmente entre 40 e 80 anos de idade. O ciclo inclui o aparecimento da inflorescência, a abertura das flores, a frutificação e, por fim, a morte da palmeira.
A inflorescência, que pode chegar a sete metros de altura, lembra fogos de artifício no topo da árvore. O desenvolvimento das sementes leva mais de um ano; parte delas cai ao redor da planta-mãe e pode germinar, garantindo novas mudas para reposição no parque.
Espetáculo raro
Thaís Hidalgo, chefe do Setor de Curadoria da Coleção Viva do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, destaca que a floração da talipot é vista por poucas pessoas ao longo da vida. “É um espetáculo que muita gente contempla apenas uma vez”, observou. Ela explica que a mistura de fascínio e melancolia ocorre porque, após a floração, a palmeira entra em declínio inevitável.
Atualmente, duas palmeiras adultas florescem no Aterro do Flamengo, enquanto uma terceira, mais jovem, ocupa o espaço da última planta que completou o ciclo há cerca de dez anos. Outras mudas estão sendo preparadas para substituir os exemplares que morrerem.
Imagem: Fernando Frazão via canalrural.com.br
Patrimônio paisagístico
Projetado como “laboratório botânico”, o Parque do Flamengo reúne cerca de 17 mil árvores distribuídas em 11 setores, incluindo mais de 40 tipos de palmeiras. Com 120 hectares, a área é considerada uma das principais obras paisagísticas do século XX. O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro, Sydnei Menezes, declarou recentemente que “sem Burle Marx não existiria o Parque do Flamengo”.
Burle Marx foi pioneiro no uso de espécies brasileiras em projetos modernistas e um defensor da conservação das florestas tropicais. Seu legado inclui expedições botânicas que resultaram na descoberta de dezenas de espécies, muitas batizadas em sua homenagem.
Com informações de Canal Rural