Possível Acordo EUA-China Ameaça Prêmio da Soja Brasileira

O presidente dos Estados Unidos pretende lançar um pacote de ajuda entre US$ 10 milhões e US$ 14 milhões para compensar prejuízos dos agricultores causados pela guerra comercial com a China. O principal público-alvo são os sojicultores, penalizados desde abril por uma tarifa chinesa de 34% sobre o grão norte-americano.

Segundo o consultor de agronegócio Carlos Cogo, a restrição chinesa zerou as compras da safra atual dos EUA desde maio, elevou estoques internos e colocou os produtores norte-americanos no terceiro ano consecutivo de margens negativas, o pior resultado da série histórica. Algodão também foi afetado, enquanto o milho seguiu sem grandes impactos.

Com a saída dos EUA, o Brasil ganhou espaço: em setembro, o país embarcou 72,7 milhões de toneladas de soja para a China, equivalentes a 77,4% das exportações brasileiras no mês. As tarifas aplicadas a Washington aumentaram em até 15% a 20% os prêmios pagos nos portos brasileiros, garantindo rentabilidade positiva aos produtores nacionais.

Cogo alerta, porém, para um risco de reversão. Caso Pequim e Washington cheguem a um acordo, a China pode retomar as compras de soja dos EUA por meio de cotas ou reduzindo a alíquota de importação de 34% para 0%, 5% ou 10%. Nesse cenário, a disputa entre Brasil e Estados Unidos voltaria a se concentrar em logística e prêmios, sendo que o prêmio norte-americano tende a ser mais competitivo.

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Com maior demanda pela soja dos EUA, o contrato futuro em Chicago deve subir, enquanto os prêmios oferecidos aos exportadores brasileiros podem recuar, reduzindo os ganhos atuais. Para o consultor, uma acomodação de preços é “inevitável” se houver normalização das relações comerciais entre os dois países.

Com informações de Canal Rural