Produtores Criticam Programa Federal de Compra de Arroz
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A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) destinou R$ 300 milhões a uma nova rodada de Contratos de Opção de Venda (COV) para o arroz, instrumento que garante ao produtor o direito de vender o grão ao governo por valor predefinido.
A iniciativa, terceira desde 2023, pretende adquirir cerca de 200 mil toneladas. As etapas anteriores movimentaram:
- 91,7 mil toneladas na primeira rodada;
- aproximadamente 110 mil toneladas na segunda, com preço médio próximo de R$ 74 por saca de 50 kg.
Com o novo leilão, a Conab busca dobrar o volume negociado. Entretanto, entidades do setor afirmam que o valor ofertado segue abaixo dos custos de produção. Levantamento da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) indica custo entre R$ 85 e R$ 92 por saca, o que representaria perda de R$ 11 a R$ 18 por saca se considerado o preço médio dos leilões.
O Rio Grande do Sul, responsável por cerca de 70% da oferta nacional, ainda contabiliza prejuízos causados pelas enchentes de 2024. Muitos produtores relatam aumento superior a 30% no volume de dívidas em um ano.
Representantes da categoria temem que, ao formar estoques, o governo volte a liberar o produto quando o mercado reagir, pressionando novamente as cotações. “Vai ser a maior crise do agro da história”, resumiu um dirigente da União Central de Rizicultores (UCR).
Segundo a Conab, o objetivo é proteger o consumidor e conter a alta do arroz, item fundamental da cesta básica. No campo, porém, a avaliação é de que a medida não cobre os custos, amplificando o risco de endividamento.
Imagem: Marcello Casal Jr. via canalrural.com.br
O cenário adverso também atinge outras culturas. Na soja, o preço estimado para agosto de 2025 caiu para cerca de R$ 120 por saca, frente a custos entre R$ 115 e R$ 125. Arrendatários que firmaram contratos durante o período de preços recordes agora operam próximos do prejuízo.
Dados do Banco Central apontam aumento superior a 20% na inadimplência em algumas linhas de crédito rural para a safra 2024/25.
Para o governo, os R$ 300 milhões em COVs funcionam como seguro contra novas altas no varejo. Para os produtores, a conta não fecha e pode comprometer a viabilidade da próxima safra.
Com informações de Canal Rural