Agricultores Protestam na França Contra Acordo Mercosul-UE

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A França registrou manifestações de agricultores em diferentes regiões do país nesta sexta-feira (26) em oposição ao acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Organizados pela Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores (FNSEA), os produtores mobilizaram centenas de tratores para denunciar o que chamam de concorrência desleal.

Segundo os manifestantes, produtos agrícolas sul-americanos não atenderiam aos padrões de qualidade exigidos pelo bloco europeu, o que colocaria em risco a competitividade do setor francês.

Críticas à postura do governo

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente da FNSEA, Olivier Hardouin, afirmou que o governo de Emmanuel Macron hesita em temas como Mercosul, Estados Unidos e questões ligadas à Ucrânia, o que, na avaliação dele, sobrecarrega o mercado francês. Hardouin classificou o momento como “um dos mais importantes para a agricultura” do país.

Especialista vê salvaguardas no pacto

Para Leonardo Munhoz, professor da FGV Agro, as queixas são infundadas. Ele lembra que a versão final do tratado limita, por exemplo, as importações de carne bovina a 1,5% do consumo europeu. Além disso, destaca o orçamento de mais de 300 bilhões de euros da Política Agrícola Comum (PAC), considerado um robusto mecanismo de proteção aos produtores do bloco.

Munhoz observa que, mesmo com a resistência francesa, o acordo ainda precisa passar pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu, instância onde Paris necessitaria reunir cerca de 35% dos votos contrários para barrar o texto. Países como Irlanda e Itália, que já manifestaram reservas, seriam cruciais nesse cenário.

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Imagem: canalrural.com.br

Interesses comerciais de ambos os lados

O professor ressalta que a União Europeia busca ampliar mercados para itens de maior valor agregado, como veículos, bebidas alcoólicas e chocolates, que passam a ter tarifa zero para entrar no Mercosul. No caso brasileiro, ele aponta duas exigências para a efetivação do acordo: combate ao desmatamento ilegal e garantia de rastreabilidade dos produtos agropecuários.

Apesar da pressão dos agricultores, a previsão oficial é de que o acordo Mercosul-União Europeia seja assinado até o fim do ano.

Com informações de Canal Rural

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