Início - Notícias e Tendências do Agro - Queimadas no Cerrado Afetam Agropecuária no Matopiba
As queimadas que se espalham pelo Cerrado provocam perdas ambientais e econômicas em todo o Matopiba — região formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — e preocupam produtores rurais, autoridades e entidades do setor.
Produção sob risco
No Tocantins, lavouras em Monte do Carmo foram consumidas pelo fogo. Caminhões-pipa e trabalhadores rurais se mobilizaram para tentar conter as chamas, enquanto animais silvestres fugiam da área atingida. O produtor rural Dari Fronza calcula quebra de até 30% na colheita devido à perda de matéria orgânica no solo.
Ações de combate
No oeste baiano, mais de 50 pilotos agrícolas receberam capacitação para ajudar no controle de incêndios. Segundo Eneas Porto, gerente de sustentabilidade da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), a iniciativa integra uma “frente integrada” que reúne produtores, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e órgãos ambientais.
Greice Kelly, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães, destaca a importância de identificar focos logo no início: “Quando se descobre o fogo cedo, é mais fácil conter”. Davi Schmidt, vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras, lembra que os incêndios costumam começar às margens de estradas, muitas vezes provocados por bitucas de cigarro e lixo.
Em Barreiras, comunidades rurais também enfrentaram focos recentes. O produtor Rusio Silva de Souza relatou o uso de sopradores e fogo de contenção, mas os ventos reacenderam as chamas.
Números do Inpe
Entre 21 de agosto e 21 de setembro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 9.737 focos de queimadas na região:
- Maranhão: 4.283
- Tocantins: 2.530
- Piauí: 1.408
- Bahia: 1.516
Nova regulamentação federal
Em 1º de setembro, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima publicou a resolução COMIF 03-2025, que determina critérios técnicos obrigatórios para prevenção e combate a incêndios em imóveis rurais. Caroline Nóbrega, diretora da Aliança da Terra, explica que a norma institui responsabilidade coletiva: mesmo sem ser o causador, o proprietário pode ser autuado por omissão se não comprovar ações preventivas e de combate.
Imagem: Acervo Aliança da Terra via canalrural.com.br
Entre as exigências previstas estão treinamentos para proprietários e funcionários, além da elaboração de planos de manejo integrado do fogo, dependendo do tamanho da área.
Apelo à população
Alessandra Zanotto Costa, presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), faz um alerta ao público em geral: “Não é preciso ser produtor rural para ajudar. Não coloque fogo no mato, não jogue bitucas de cigarro nas estradas e não deixe lixo ou cacos de vidro no Cerrado”.
As iniciativas de prevenção e conscientização são consideradas essenciais para reduzir os impactos das queimadas em um dos biomas mais ameaçados do país.
Com informações de Canal Rural