Seguro Rural Avança no Mundo e Estagna no Brasil
Início - Notícias e Tendências do Agro - Seguro Rural Avança no Mundo e Estagna no Brasil
Experiências internacionais mostram que o seguro rural vem sendo tratado como política de Estado em vários países, ao contrário do que ocorre no Brasil, que soma 147 anos de tentativas sem estruturar um modelo sólido de gestão de riscos para o campo.
Modelos consolidados no exterior
- Espanha – O sistema Agroseguro oferece 44 linhas de cobertura (28 agrícolas, 12 pecuárias, 3 aquícolas e 1 florestal) e movimenta cerca de € 350 milhões por ano em subsídios públicos, equivalentes a quase R$ 2 bilhões. Produtores só recebem ajuda extraordinária se contratarem seguro.
- Estados Unidos – O Federal Crop Insurance Program protege 89% da área cultivada de oito grandes culturas e, em 2024, cobriu aproximadamente 540 milhões de acres (mais de 200 milhões de hectares). Os subsídios ultrapassam US$ 12 bilhões por ano e o valor segurado gira em torno de US$ 200 bilhões.
- China – Iniciado em 2007 com subsídios de US$ 134 milhões em seis províncias, o programa tornou-se o maior mercado de seguro agrícola do mundo em pouco mais de uma década, alcançando cobertura superior a 70% em regiões produtoras de arroz e milho.
- Turquia – O TARSİM, pool que combina regulação estatal e operação privada, cobre culturas, estufas e aquicultura, com indenizações rápidas e garantia do Estado.
- América Latina – Chile, Peru e Colômbia criaram fundos garantidores nacionais que permitem a pequenos e médios produtores acessar seguro com subsídio direto e governança definida.
- Austrália – Relatório da National Rural Advisory Council indica que o seguro multirriscos não é viável sem suporte público contínuo; o país adota iniciativas integradas de mitigação de riscos e subsídios pontuais.
Exceção brasileira no ZARC
No Brasil, a Embrapa é referência internacional desde 1996 com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), ferramenta que define melhores períodos e regiões de plantio. Apesar disso, o estudo não se converteu em política de Estado abrangente.
Impasse nacional
Enquanto outros países blindam programas contra contingenciamentos e integram seguro ao crédito rural, o Brasil ainda depende de renegociações de dívidas e subsídios pontuais, sem previsibilidade ou adesão ampla de produtores.
O cenário descrito faz parte de uma série de três artigos sobre a evolução do seguro rural no país. O próximo texto abordará as consequências da falta de uma política estruturada, com dados atualizados sobre endividamento e cobertura.
Imagem: canalrural.com.br
Com informações de Canal Rural
