Setor Agro Apresenta Prioridades Para a COP30 no Brasil
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Entidades do agronegócio brasileiro veem a COP30, marcada para Belém (PA), como chance decisiva para vincular produção de alimentos e combate às mudanças climáticas. Representantes do setor apontam três temas que consideram indispensáveis na conferência:
- Regras claras para o mercado de carbono, com inclusão formal das práticas agropecuárias nos sistemas de compensação;
- Financiamento climático acessível, por meio de linhas de crédito que cheguem ao produtor rural;
- Reconhecimento do agro tropical como ator estratégico na mitigação e adaptação climática.
Para Giuliano Alves, gerente de Sustentabilidade e Projetos da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a conferência será momento de consolidar a imagem do campo como parte da solução, e não como vilão das emissões. A Abag, em conjunto com mais de 80 organizações, apresentou documento que defende:
- Regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE);
- Inclusão de tecnologias sustentáveis nas metas nacionais;
- Ampliação de fontes de financiamento voltadas a inovação e mercado de carbono.
Rodrigo Lima, sócio-diretor da consultoria Agroicone, afirma que a COP30 precisa ser lembrada como a “conferência da implementação”, etapa em que compromissos assumidos ganham execução prática. Segundo ele, o desafio central é reduzir custos do crédito climático para que recursos cheguem aos produtores responsáveis pelas ações de mitigação.
Lima recorda que a agricultura tropical tem peso duplo: garante segurança alimentar e oferece soluções energéticas, como biogás, biometano e etanol. “Se o acesso ao financiamento for destravado, a conferência terá cumprido sua missão”, resume.
Já Celso Moretti, ex-presidente da Embrapa e integrante do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), avalia que o Brasil chega à COP30 apto a liderar a agenda global de produção de baixo carbono. Ele lista entre possíveis entregas do país:
Imagem: Sergio Moraes via canalrural.com.br
- Pacto Metano Agro 2030;
- Fortalecimento do Programa ABC+;
- Compromisso jurisdicional Amazônia-Cerrado, com metas voluntárias e bônus financeiros atrelados a desempenho ambiental.
Moretti defende ainda acelerar a regulamentação do SBCE, integrar o Plano Safra ao crédito verde e tornar públicos dados robustos de rastreabilidade. “Quando crédito rural e política climática estiverem alinhados, o produtor será remunerado tanto pela produção quanto pelos serviços ambientais”, diz.
As lideranças concordam que, sem encaminhamentos concretos sobre carbon pricing, financiamento e valorização do agro tropical, a expectativa do setor não será atendida. A intenção é deixar Belém com um roteiro claro que conecte sustentabilidade e competitividade no campo.
Com informações de Canal Rural