Soja Pode Quadruplicar PIB do Agro com Industrialização

A transformação industrial da soja tem potencial para multiplicar por quatro a participação da oleaginosa no Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, afirmou o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno. A estimativa foi apresentada nesta terça-feira (19), durante o VII Seminário Desafios da Liderança Brasileira no Mercado Mundial de Soja, em Londrina (PR).

Hoje, a soja responde por 6% do PIB do agro e gera cerca de 2,5 milhões de empregos. Segundo Nepomuceno, a ampliação da industrialização — incluindo a produção de plásticos, borracha e asfalto a partir do óleo de soja — elevaria significativamente esse impacto econômico e trabalhista.

Evolução da produção

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a produção brasileira saltou de 9,89 milhões de toneladas em 1974/75 para aproximadamente 169 milhões de toneladas na safra 2024/25. O crescimento é atribuído à tropicalização da cultura e ao avanço tecnológico no campo.

Desafios climáticos e econômicos

O pesquisador da Embrapa Soja Décio Gazzoni alertou para a maior volatilidade climática nas últimas décadas. Irregularidades no regime de chuvas e ondas de calor afetam especialmente o Sul e o Mato Grosso do Sul, exigindo investimentos de longo prazo em manejo de solo, melhoramento genético e políticas públicas.

No âmbito econômico, o diretor da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa, apontou que:

• o custo dos defensivos subiu de 20% para 40% do custo de produção;
• o gasto com sementes dobrou em participação;
• secas, enchentes, guerras e a pandemia de Covid-19 trouxeram perdas e dificuldades logísticas.

Apesar dos obstáculos, Rosa enfatizou que o Brasil conseguiu manter o abastecimento interno e as exportações graças à capacidade de compensar quebras regionais.

Imagem: Pixabay via canalrural.com.br

Papel das cooperativas

Responsáveis por cerca de metade da safra nacional, as cooperativas são consideradas estratégicas na difusão de tecnologia e na industrialização de farelo e óleo de soja, observou Robson Mafioletti, superintendente do Sistema Ocepar. Segundo ele, essas organizações auxiliam na tomada de decisões e na estabilidade de renda dos produtores.

O seminário, promovido pela Embrapa Soja em parceria com Abiove, Acebra, Anec, Aprosoja Brasil e Ocepar, reforçou que a liderança brasileira no mercado mundial dependerá de inovação, agregação de valor e resiliência diante de incertezas climáticas e econômicas.

Com informações de Canal Rural