Suspensão de Imposto na Soja Argentina Pressiona Cotações

O governo da Argentina zerou, na segunda-feira (22), o imposto de exportação sobre grãos e derivados até 31 de outubro. A alíquota, que era de 26% para o complexo soja (grão, óleo e farelo), vale agora também para milho, trigo e carnes.

A medida, anunciada pelo presidente Javier Milei, busca acelerar a entrada de dólares no Banco Central argentino. Sem a cobrança, produtores locais tendem a liberar estoques que estavam retidos, aumentando a oferta mundial.

Impacto imediato no mercado

• Chicago e prêmios: maior volume disponível pressiona as cotações na Bolsa de Chicago e reduz prêmios de exportação na Argentina e no Brasil, segundo o consultor Alessandro de Lara.
• Compras chinesas: rumores indicam que a China teria fechado mais de 650 mil toneladas de soja argentina no mesmo dia da decisão, atraída por preços mais competitivos que os brasileiros.
• Contrato spot: o movimento garante abastecimento chinês para o fim de 2025 e início de 2026, diminuindo a dependência dos Estados Unidos.

Efeito sobre Brasil e EUA

Embora o Brasil deva manter participação nas vendas para a China, a nova concorrência comprime margens nacionais. Já os Estados Unidos sentem impacto maior na disputa pelos embarques, avalia Lara.

Necessidade de dólares

Com o peso argentino fora dos mercados internacionais, o governo viu na suspensão do imposto uma forma rápida de reforçar reservas cambiais após intervenções para conter a volatilidade do câmbio.

Logística brasileira em foco

Lara aponta que a decisão argentina evidencia fragilidades no Brasil. Portos limitados a 16 milhões de toneladas por mês, rodovias precárias em regiões produtoras como Mato Grosso e malha ferroviária insuficiente reduzem competitividade.

Ele acrescenta que o plano safra não supriu a demanda por crédito, deixando produtores endividados e menos capazes de absorver a queda de preços.

Com informações de Canal Rural