Tarifaço Dos EUA Eleva Incerteza E Freia Crescimento, Diz Azevedo

O diplomata Roberto Azevedo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), avaliou que o recente aumento de tarifas determinado pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros gera um forte abalo na previsibilidade dos mercados e ameaça reduzir o ritmo de crescimento da economia nacional. A declaração foi feita em entrevista ao Canal Rural.

Segundo Azevedo, “o sistema multilateral não está funcionando”, pois as regras da OMC deixaram de ser observadas, criando um ambiente de total imprevisibilidade. Na visão do ex-diretor, a medida norte-americana tende a:

• desestimular fluxos de investimento;
• limitar a expansão do Produto Interno Bruto;
• pressionar a inflação.

O diplomata reconheceu que o impacto sobre o valor agregado da economia brasileira pode não aparecer de forma expressiva em números absolutos, mas alertou para consequências mais severas em setores fortemente dependentes do mercado norte-americano. “São milhares de empregos em risco se essa situação persistir”, enfatizou.

Setores exportadores sob pressão

Azevedo evitou citar ramos específicos para não ser “injusto”, mas reforçou que diversas indústrias brasileiras mantêm dependência crucial das vendas aos Estados Unidos. Caso as tarifas sejam mantidas, produtores que direcionam praticamente toda a sua produção ao mercado norte-americano podem enfrentar desaceleração abrupta.

Brasil recorre à OMC

Em reação ao tarifaço, o governo brasileiro abriu consulta formal na OMC, alegando que as sobretaxas impostas a itens como aço e alumínio infringem as normas comerciais internacionais. Washington defendia as tarifas sob o argumento de segurança nacional, recurso previsto mas que precisa ser fundamentado para ter validade no órgão.

Imagem: Divulgação Casa Branca via canalrural.com.br

Com a queixa, Brasília busca salvaguardar os interesses da indústria local e preservar a estabilidade do comércio global, enquanto aguarda uma solução que atenue o impacto sobre empregos e investimentos no país.

Com informações de Canal Rural