Turbulência Abala Preços do Boi Gordo na Primeira Quinzena
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O mercado brasileiro do boi gordo registrou forte volatilidade na primeira quinzena de novembro, período em que analistas projetavam aumento de preços para o último bimestre de 2025. A oferta de animais prontos para abate encolheu, a demanda interna entrou em fase de aquecimento e as exportações seguem em ritmo acelerado, sobretudo para a China, principal destino da carne bovina nacional.
Rumores sanitários pressionam a B3
No início do mês, boatos sobre a presença de fluazuron acima do limite permitido em lotes enviados ao mercado chinês derrubaram as cotações dos contratos futuros na B3. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) desmentiu rapidamente a informação, mas o ajuste já havia colocado os preços negociados na bolsa abaixo dos valores praticados no mercado físico paulista.
China decide até 26 de novembro
Outra fonte de incerteza é o resultado da investigação chinesa sobre o impacto das importações de carne bovina na produção local. O parecer, previsto para até 26 de novembro, pode alterar o fluxo comercial brasileiro; atualmente, o país asiático responde por 47 % do volume exportado pelo Brasil. Entre julho e outubro, as compras chinesas ficaram muito acima da média, interpretadas por parte das empresas como antecipação diante de possível salvaguarda.
Sem um posicionamento oficial de Pequim, os contratos futuros do boi gordo mantiveram trajetória negativa na segunda semana do mês. A reação rápida a rumores reforça, segundo analistas, a necessidade de adoção de ferramentas de proteção de preço (hedge) por parte dos pecuaristas.
Retomada das aves e cenário nos Estados Unidos
Em 7 de novembro, a China restabeleceu as compras de produtos avícolas brasileiros, suspensas desde maio por causa de um foco de influenza aviária no município gaúcho de Montenegro.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump anunciou investigação sobre grandes frigoríficos, alegando possível conluio e alta artificial dos preços. O rebanho bovino norte-americano está no menor patamar desde a década de 1970, e a arroba local atingiu US$ 120, ante média de US$ 60 no Brasil. Após a imposição de tarifas, o país sul-americano manteve-se alternativa competitiva e um acordo para retomada das exportações brasileiras aos EUA é cogitado.
Imagem: Pixabay via canalrural.com.br
Sebo bovino em ajuste
O sebo bovino recuou na primeira semana de novembro, movimento atribuído à maior disponibilidade de óleo de soja, produto com o qual mantém correlação direta. De janeiro a agosto, o Brasil embarcou grande volume de sebo; o tarifaço reduziu as vendas em setembro. Um eventual entendimento comercial com os Estados Unidos pode reacelerar os embarques e mudar o comportamento dos preços em 2025.
Apesar do cenário conturbado, especialistas destacam que o avanço das exportações modificou a estrutura da pecuária brasileira, trazendo dinamismo e maior exposição a oscilações externas.
Com informações de Canal Rural